quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Manifesto contra a indigência



No centenário de Amadeo de Souza-Cardoso


Primeiro-ministro anuncia programa a dez anos para comprar arte portuguesa António Costa considerou o timing da carta “oportuno”, em vésperas da entrega da proposta para o próximo Orçamento do Estado, e explicou que o ministro da Cultura, “no âmbito do reforço progressivo” do “orçamento limitado” para o sector, vai “criar um novo programa para os próximos dez anos de aquisição anual por parte do Estado de arte contemporânea” portuguesa, esperando que o valor inicial (300 mil euros em 2019) possa vir a aumentar gradualmente. E pediu a colaboração dos artistas plásticos para encontrar “uma forma clara, transparente” de constituir júris e comissões responsáveis por essas aquisições. — in Público, JOANA AMARAL CARDOSO 10 de Outubro de 2018, 20:06

Eu assinei esta carta aberta, desconhecendo se houve ou não jogo combinado. Seja como for, a pasmaceira e a manipulação do mundo indígena das artes plásticas acordou por um instante. As coleções privadas, como se sabe, sobretudo em países pobres e corruptos, acabam invariavelmente nos cofres do Estado. Em breve, os Mirós do ex-BPN, as obras da ex-Fundação Eclipse, do ex-BES, e até do próprio Museu Berardo (certamente mais tarde), irão constituir um apreciável acervo de arte moderna e contemporânea, a somar à coleção da falida Fundação de Serralves, bem como ao acervo do Museu Nacional de Arte Contemporânea—do Chiado. Falta agora tão só saber gerir estes fundos usando apropriadamente os edifícos do Estado, tais como o CCB, a Fundação de Serralves, e uma série de simulacros municipais de museus de arte contemporânea espalhados pelo país fora, que nasceram como operações imobiliárias, a que se seguiram buracos financeiros, inépcia curatorial, cretinismo burocrático que baste, e a eterna persistência das sinecuras para os boys e girls do regime. Antes de mais, é urgente cortar a endogamia e a máfia das artes plásticas pela raíz (a tal que se locupletou com o erário público disponível ao longo de décadas, através da captura de algumas instituições chave da pseudo-museologia portuguesa contemporânea). Sem isto, nada mudará, e haverá cada vez mais artistas sem saber como pagar a renda de casa ao fim de cada mês. Porque a do atelier, essa já há muito deixou de ser um problema...

Um abraço!

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