sexta-feira, 20 de junho de 2014

Rui Martins

Rui Martins - Feathers Always Make People Attractive, 2014


Feathers Always Make People Attractive

por ANTONIO CERVEIRA PINTO

Rui Martins — "Feathers Always Make People Attractive" é a quinta exposição do ciclo “Olho por olho, mente por mente”, comissariado por António Cerveira Pinto para os 30 anos da Galeria Luís Serpa. A exposição compõe-se de três segmentos: 1) capturas de ecrã ampliadas 2) um vídeo 3) e uma página no Tumblr dedicada a este projeto em desenvolvimento.

Rui Martins é um autor nato de imagens e animação 3D, e um diretor de vídeo. O projeto escolhido deriva de uma tendência difusa que tem vindo a consolidar-se sob a designação Glitch Art, desde 2010 (ex: GLI.TC/H). Glitch refere-se a um evento inesperado e perturbador da expetativa tecnológica, por exemplo, quando o fluxo de voz se engasga numa conversa Skype, ou o braço de um gira-discos desliza inopinadamente produzindo um arranhão sonoro, ou quando as imagens digitais de uma televisão ou do monitor de um computador, ipad, smarphone, etc., saltam, se sobrepõem, ou estupidamente congelam. Ao contrário do ruído, que tende a ser uma ocorrência contínua, ou uma interferência entre dois acontecimentos ou padrões, o glitch é um acidente entre a informação e o suporte/veículo/transmissor da mesma, é, por assim dizer, uma acidente da representação. O que a Glitch Art, e Rui Martins, fazem é explorar este imenso universo, colecionar acidentes, provocar acidentes (bending), classificar estes acidentes, e finalmente recriar narrativas e objetos de arte aumentada através de procedimentos tipicamente editoriais, cuja densidade simbólica acompanha a nossa própria crescente imersão tecnológica. Esta é seguramente a primeira apresentação em Portugal da mais recente manifestação da já longa tradição iconoclasta oriunda do dadaísmo.

Rui Martins | Feathers Always Make People Attractive
Exposição: 26/6 - 19/9, 2014
Projeto curatorial: António Cerveira Pinto
Ciclo expositivo: 'Olho por olho, mente por mente'
Galeria Luís Serpa Projectos, Lisboa


[in English]

Feathers Always Make People Attractive

by ANTONIO CERVEIRA PINTO

Rui Martins - "Feathers Always Make People Attractive" is the fifth exhibition of "An eye for an eye, a mind for a mind," curated by Antonio Cerveira Pinto for the thirtieth anniversary of Luis Serpa art gallery, in Lisbon. The exhibition consists of three parts: enlarged screenshot prints, a video loop, and a page on Tumblr devoted to this ongoing project.

Rui Martins is a 3D animation artist, and video director. The artwork on display is part of a new widespread trend known by Glitch Art. As GLI.TC / H put it:
"A glitch is an unexpected, non- or mis-understood break in a technological flow that for a moment reveals (gives a window into), its system. Though a glitch doesn't have to be digital, it often refers to a digital error or 'bug'. Generally, it can be anything from a skipping CD in a cafe to compression artifacts during a video chat.

And glitch art usually refers to the intentional provocation or appropriation of a glitch by an artist. Glitch artists investigate and collect glitches to make work in many mediums (sound, web, images, video, realtime audio video performances, installations, texts, videogames, artware or software art, etc) for many different reasons (to explore the aesthetic and conceptual potential of glitches, to examine the politics embedded in technological systems, to create digital psychedelic and/or synesthetic experiences, to practice hacktivism, to explore themes of failure, chance, memory, nostalgia, entropy, etc). An incomplete list of glitch artists can be found and edited here.

Writers and academics are also very interested in the theoretical discourse surrounding this practice. An incomplete list of books, essays, articles and dissertations on the subject of glitch art can be found and edited here."

What Glitch Art and Rui Martins do is to explore this huge techno world, in order to collect accidents, design accidents (bending), classify these accidents, and finally recreate narratives and art objects typically expanded through editing procedures, whose symbolic density accompanies our own growing technological immersion. This is surely the first show in Portugal of the latest manifestation of the longstanding tradition of iconoclastic Dadaism.

Venue
GALERIA LUIS SERPA PROJECTOS
Rua Tenente Raul Cascais, 1B, 1250-268 Lisbon, Portugal

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Denis Hickel: hoje pertenço aqui

Dia das crianças na Quinta do Alecrim.
Foto Denis Hickel


Esta crise só tem saída se mudarmos os paradigmas básicos

por ANTÓNIO CERVEIRA PINTO

Quinta do Alecrim (Facebook) – Uma ecoliteracia de transição. Um arquiteto, Denis Hickel e uma jornalista, Juli Moojen, trocam Lisboa por um vale agrícola em Torres Novas, que serve de laboratório a uma tese de doutoramento sobre ecologia e design. E depois? Fomos conversar com Denis, e o resultado aqui está.


António Cerveira Pinto
— Que faz um arquiteto brasileiro perdido na Quinta do Alecrim, algures na região de Torres Novas?

Denis Hickel — O que começou entre um misto de casualidade e como um processo de transição revelou-se um campo rico em experiências e fértil de possibilidades. Começou pela vontade de tentar entender determinadas dinâmicas de vida mais próximas das dinâmicas dos ecossistemas... o que custa produzir o próprio alimento, a casa em que vivemos, etc.

O que um dia era só um terreno com horta virou um projecto de vida. O que faço hoje? Vivo no campo e tento entender viver da terra e das dinâmicas deste lugar. Dedico-me à apicultura e também a ativar plataformas locais para co-criar novas formas de viver, aprender, prosperar. Enfim, tem sido um processo muito, muito rico. 


ACP
— Que ensinamentos a vida no campo tem aportado à tua formação de arquiteto e designer, e às tuas ideias sobre sustentabilidade e futuro da humanidade?

DH — Numa palavra: simplicidade.

Me vejo mais como designer, no sentido mais amplo da palavra, como aquele que trabalha o tempo todo prospectando possibilidades de quaisquer factos, ou projeção sobre o futuro. Seja de uma habitação, ou de sistemas complexos que são as atividades humanas. Confesso que tenho andado mais interessado em trabalhar como um facilitador em estabelecer redes onde as pessoas possam fazer e aprender juntos, com objetivos comuns e diante de determinados desafios (influências do processo de investigação da minha tese.)

A vida no campo aportou novas formas de ver, fazer e pensar a nossa existência, novos valores e um sentimento de como precisamos reaprender, reestruturar e relocalizar o nosso viver dentro de determinados limites de entendimento, onde possamos perceber os impactos das coisas mais básicas da nossa forma de viver — do alimento ao trabalho e à satisfação pessoal.

Fundamentalmente, ao perceber que poderia realizar uma satisfação plena a partir de um modo de viver que é tão simples e a partir de atividades tão frugais quanto cultivar alimentos, ou manter abelhas, eu aprendi a dizer NÃO! Não a determinadas relações de trabalho, às agendas escondidas, às intenções com as quais não concordo. Enfim, todas àquelas coisas que geram stress e dão cabo da nossa saúde no dia-a-dia e que nem nos apercebemos enquanto vivemos dentro da lógica da competição, do individualismo e da sobrevivência.

Sobre o futuro da humanidade... depende de cada um de nós. Poderemos ter um futuro negro, ou um futuro iluminado... No que diz respeito à sustentabilidade (não gosto nada desta palavra), enquanto sociedade ainda não questionamos o que queremos sustentar em primeiro lugar. Será o status quo e um determinado padrão cultural de bem estar material que já não é mais possível diante de uma monocultura globalizada? Ou queremos proteger e sustentar as dinâmicas que fazem possível a nossa vida na terra?

Bem, neste último caso estou de acordo com David Orr, que diz que diante da presente crise precisamos construir uma literacia ecológica, isto é, conhecer as dinâmicas dos sistemas vivos e viver de acordo. Acho isso brutal, pois é relativamente fácil chegar a um entendimento literal disso... mas o “viver de acordo” coloca a fasquia do desafio muito mais alta... ;)


ACP — Até que ponto corresponde à verdade a ideia urbana de que há um movimento de urbanitas instruídos em direção ao campo? Já ultrapassou o estigma hippy, religioso ou catastrofista que nos leva frequentemente a olhar para estes regressos à terra como acessos românticos temporários?

DH — Não acho que este movimento seja tão intenso e tão forte como deveria ser. O interessante é que parte destas pessoas são indivíduos que ficam, e não indivíduos que estão a instalar-se nesta região pela primeira vez. Há uma onda e um clima favoráveis às transições. Mas há muita coisa superficial e da moda passageira também.

Bolas... são muitos preconceitos numa só pergunta! (risos)

Primeiro, muitos daqueles Hippies dos anos sessenta fizeram o mesmo que muitos de nós estão fazendo hoje... Se para alguns era uma questão de estilo, ou de moda, para outros foi algo mais profundo. A questão é que muita desta gente hoje é responsável por muita da literatura que está a alertar para os desafios deste século e mais importante, são também os responsáveis por ecovilas, comunidades sustentáveis, etc. Que são hoje objectos de estudo e referência para muitas políticas e estratégias para a sustentabilidade: Tamera, Findhorn, Sieben Linden, o IPEC no Brasil e assim por diante. Também desta geração temos a Donella Meadows, por exemplo, que fez parte daquela equipa que lançou um dos primeiros e mais importantes trabalhos a chamar atenção para a questão da insustentabilidade da nossa civilização: Limits to Growth, do Clube de Roma. E se formos rever as edições mais recentes deste estudo, que na altura foi desprezado pelo movimentos pró-crescimento e mesmo pela comunidade académica, veremos que as suas “predições” não se desviam muito do momento que estamos vivendo.

Depois, eu acho que àquilo que estamos a chamar de “desenvolvimento sustentável” nada mais é do que uma tentativa de conservar o status quo e um modelo de bem-estar baseado no crescimento material e tecnológico. Isto teria sido possível se tivéssemos ouvido os hippies :) Sem querer soar catastrófico, crescimento/desenvolvimento sustentável já não é mais possível.

Eu acredito que estamos entrando na curva descendente desta civilização, e a partir daí algo novo vai surgir. A questão é que já estamos neste caminho há pelo menos 40 anos e os impactos negativos desta civilização nos ecossistemas são crescentes e incríveis e não deverão reduzir nas próximas décadas. Portanto eu acho que esta transição não vai ser nada suave. Basta olhar à volta e ver a emergência do pico do petróleo, as alterações climáticas em curso, os refugiados da fome e das guerras provocadas pelas disputas por recursos estratégicos e que fomentamos através do consumo diverso, intensivo e inconsciente.

Mas esta visão não diz nada às pessoas por uma questão muito simples: está fora do seu escopo de entendimento.

As pessoas só vão agir quando sentirem na pele os efeitos: quando faltar combustível e alimentos, ou quando os preços estiverem insuportáveis, etc. Isto deverá promover uma re-localização urgente e desordenada das nossa vidas. Portanto, é necessário refletir quanto antes sobre o momento de agir  (ou tão brevemente quanto for possível). Neste sentido a crise pela qual atravessa o país e, em maior ou menor extensão, o próprio território Europeu, torna o momento fértil para movimentos de questionamento e transição de base. Se esperarmos pelas grandes cúpulas globais estaremos lixados.

Também não vejo este movimento como uma volta a algum passado de proximidade narcisista com a natureza, até por que a vida segue para frente e não para trás. Tá certo que tem muita gente que vê na minha experiência e da minha família uma fantasia, uma vida onírica no campo. No entanto, pagamos o preço das nossas escolhas e das nossas prioridades, e não tem nada de romântico nisso. É bom, mas não é romântico, é real. Tem um preço a pagar.

De qualquer forma temos que estabelecer um entendimento comum: a crise convergente em que vivemos — da economia, da sociedade, da natureza — é uma crise da separação. Nós separamos o mundo humano do mundo natural, o indivíduo do coletivo, a comunidade do lugar e o aprender do viver. A outra coisa que temos que reconhecer é que somos seres vivos, participantes e interdependentes das dinâmicas dos ecossistemas. A saúde humana, nos seus aspetos mais amplos, depende de ecossistemas saudáveis. Nós não estamos dando cabo do planeta. Se entrarmos em extinção, o planeta vai continuar onde está. Nós estamos sim é minando as condições sensíveis que fazem possível a vida humana no planeta — ou no mínimo, desta civilização: tão duro, simples e directo quanto isso.

E eu não vejo outra forma de aprender isto senão pela aproximação com aquilo que estou aqui a chamar de dinâmicas dos ecossistemas. Que é o mundo natural do qual nos separamos. Quem sabe o impacto somatório das suas decisões na saúde dos ecossistemas? Quem sabe o que causam os alimentos transgénicos, seus impactos ambientais e sociais? Quem sabe se não iremos presenciar uma extinção em massa? E quem sabe que, dentre as espécies ameaçadas, está a abelha melífera que, junto com outros insectos, é responsável pela polinização de cerca de 70% da alimentação humana? E quem sabe que todos estes problemas emergentes estão interligados?

Por outro lado, diante desta crise, há uma possibilidade muito boa de criarmos condições para uma vida mais plena. Mas vai depender da coragem de cada um de nós em se deixar ir. Em transmutar, desfazer identidades e deixar algo novo nascer. 


ACP - Vais regressar a Lisboa, onde viveste e trabalhaste vários anos, depois de apresentares a tua tese de doutoramento?

DH — Não, nem pensar. Lisboa só a passeio. Já não acredito na vida nas grandes cidades. Cada vez mais, para termos acesso às coisas boas que as cidades têm para oferecer temos que pagar um preço muito alto. A vida nas grandes cidades gira à volta do consumo. E diante das emergências energéticas, ambientais e sociais, eu acredito que as grandes cidades entrarão em declínio. Terão necessariamente que se fragmentar para alimentar e abrigar às pessoas. Uma parte destas pessoas terá que partir simplesmente. Veja o que está a acontecer nos Estados Unidos, seus subúrbios, e a bancarrota total da cidade de Detroit!

A minha tese de doutoramento foi um processo de aprendizagem gigantesco. É um exemplo típico de como temos que aproveitar o caminho, o processo. O título académico não serve para nada na atual conjuntura e as universidades estão cada vez mais distantes das situações onde os problemas emergem e podem ser resolvidos. Produzem um saber deslocado. Estão atreladas a lógicas hierárquicas, políticas, burocráticas e formais completamente ultrapassadas e elitistas. Não vejo mudança a curto prazo no horizonte.

Aqui em Torres Novas, eu encontrei pessoas, conheci novas realidades, e um mundo de possibilidades abriu-se a minha frente. Vou continuar aqui a investir no processo de aprendizagem dentro da nossa quinta, nas abelhas e também nas dinâmicas sócio-culturais que tornam tão agradável a vida nas pequenas e médias cidades. Vou dedicar-me à dinamização desta região do país. A vida no interior de Portugal é simplesmente deliciosa e há muitas pessoas capazes de fazer deste um bom lugar. Pessoas que em toda a sua simplicidade fazem muito mais pelo bem-estar das sua comunidades do que as nossas instituições bolorentas. Isto porque têm a sua sabedoria assente no lugar a que pertencem. E hoje, eu pertenço aqui.


Mais sobre Denis Hickel e a Quinta do Alecrim

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Arte e Especulação Financeira

Maurizio Cattelan, Seymour, Executed in 2013. [Philips]


A arte até pode ter qualidade e estar inocente, mas...

por ANTÓNIO CERVEIRA PINTO

Infelizmente a chamada 'arte contemporânea' tornou-se, no seu descarado exibicionismo, sinónimo de ganância, especulação e poder. Os centros de legimitação e crítica foram corrompidos em larga escala pela nova ordem museológica mercantil, pelo menos desde a década de 80 do século passado. Há, como no mundo da ganância financeira mundial, uma dissimulação e uma falsificação sistémicas do valor simbólico e político da arte, de que muitos dos seus protagonistas são mandantes e executantes: dealers, diretores de museus, comissários de exposições, falsos críticos de arte, artistas e uma série interminável de atores secundários.

Tal como as notações financeiras são regra geral fruto de jogos viciados, onde a ganância dos Huber Wealthy decide da vida e morte de milhões inocentes, também no comércio altamente especulativo da arte, sobretudo depois do colapso do subprime imobiliário, que empurra os movimentos especulativos para outros territórios, como as chamadas commodities, os empréstimos estudantis e os leilões de arte contemporânea, a apreciação crítica encomendada das obras de arte tende a obedecer à força dos grandes jogadores em cena: art dealers e super milionários que colocam parte das suas fortunas imensas na brincadeira da arte. Eles sabem que no longo prazo as suas apostas podem ser um desastre. E assim sendo jogam no curto e médio prazo. Compram e vendem arte, como quem aposta nos mercados de futuros.

Acontece, porém, que à medida que o mundo entra numa transição radical, como aquela que estamos a iniciar, a qual vai traduzir-se numa redução sem precedentes dos rendimentos das classes médias e numa fratura absolutamente escandalosa entre podres de ricos e a gente normal, a corrupção dos processos de legitimação vai ser inevitavelmente posta a nu, denunciada e perseguida. Até mesmo pelos poderes públicos!

Situações como as que ocorreram em Portugal, onde foi possível vermos uma criatura assumir a dupla qualidade de assessor de uma coleção especulativa de arte privada, que acabou como se sabe, e de diretor de um museu nacional de arte contemporânea, não são para repetir.

O artigo do New York Post que originou este comentário brinca com a famosa expressão dos anos 80 do século passado: bad painting. Outra ideia daquela época era esta: art is money! A verdade é que tem sido mesmo assim desde então. E no entanto, a arte e a teoria da arte, isto é aquilo que podemos conversar seriamente a propósito de uma obra de arte, ou de um paradigma artístico, um autor, etc., são outra coisa, mesmo quando uma, ou milhares de obras de arte genuinamente importantes se encontram aprisionadas nos armazéns de quem as toma como meros troféus de caça e ativos especulativos. Não confundamos as coisas!

Esperemos, entretanto, que a bola de neve dos atores-rede e das próprias redes sociais acabem por destapar toda esta aldrabice e abram caminho para o renascimento de uma arte imune a manipulações descaradas. O primeiro passo a dar por todos os artistas, comissários, curadores, diretores de museu, galeristas e escritores que escrevem sobre arte, que não fazem parte da nomenclatura que fede, é exigirem imediata transparência dos atos institucionais, sejam estes oriundos das instituições públicas, ou de qualquer outra organização beneficiária de subsídios e apoios públicos, incluindo as muitas e substis isenções fiscais.

A conversa livre sobre o valor intrínseco da arte, essa deve seguir a sua já longa história.

The overpriced world of bad art
By Maureen Callahan | April 27, 2014 | 2:37am | New York Post

After a November 2013 Christie’s auction that grossed $380.6 million, former talent agent Michael Ovitz was disgusted.

In May 2013, German artist Gerhard Richter broke his own record when his 1968 painting “Domplatz, Mailand,” which looks like a fuzzy black-and-white photograph, sold at auction for $37 million, the highest amount for any living artist.

It was a record he held for six months, until Jeff Koons’ “Balloon Dog” smashed it, selling for $58.4 million at Christie’s.

The number staggered even the auctioneer, Jussi Pylkkanen. “We are in a new era of the art market,” he said.

[...]

“I am an art collector. This is not about art collecting,” he told Bloomberg Businessweek. “For a moment last night, I thought I was in the commodities market.”

[...]

In 2002, the couple [Uber Wealthy Peter Brand and supermodel Stephanie Seymour] had the great satirical Italian artist Maurizio Cattelan to dinner at their ­estate in Greenwich, Conn. Brant was looking to commission something, and as Cattelan surveyed the library, studded with stuffed and mounted animals Brant had killed on safari, he had an idea.

“Your real trophy, Peter,” he said, “is your wife.”

And so off Cattelan went, ­returning in 2003 with a waxwork sculpture of a topless Seymour, cut in half and mounted to look like a dead gazelle.

Atualização: 15/6/2014 02:24